Hoje é dia de harmonia, paz, celebração entre os povos, amor ao próximo, e promessas para o futuro.
Dia também de cheiro de mijo, bebedeira, confusão, cerveja quente e calor.
Não, não é o dia mundial da paz, é o dia do ensaio do Cordão do Bola Preta.
Pra quem não sabe, o Cordão do Bola Preta é um tradicionalíssimo bloco de carnaval aqui do Rio de Janeiro, fundado em 1918 e... AH, se você não conhece o Cordão e mora no Rio de Janeiro, você tem mais é que ficar dentro dessa sua bolha de antissocialismo mesmo, tomando coca-cola e batendo punheta. Aliás, essa palavra (antissocialismo) existe?
Bom, back to the post...
Carnaval é tudo igual. Bloco de carnaval então é fodasticamente (essa palavra eu sei que não existe) igual. Se alguém conseguir me explicar a diferença entre o Escravos da Mauá e o Chupa Mas Não Baba, sem ser a localização da concentração dos mesmos, eu dou uma bala Juquinha.
Todo bloco de carnaval tem:
Falta de banheiro público
Todo ano nosso generoso governo do estado anuncia que vai disponibilizar mais não sei quantos banheiros públicos para os foliões.
Porra, nego tem que entender que mesmo que aumente em 20% o número de banheiros por ano, sempre vai ter nego mijando no chão, pois a quantidade de foliões aumenta a cada ano, nunca diminui.
É uma conta simples: Ano passado Mariazinha tinha 14 anos e ainda era uma menininha indefesa que não podia sair na rua. Mariazinha não podia ir pro bloco.
Esse ano, Mariazinha tem 15 anos, já teve festa de debutante, já deu pro namorado mais velho e maduro, de 17 anos, na festa de debutante, e usa isso como argumento para sair sozinha e deixar os pais putos da vida e preocupados.
Na mesma toada, ano passado Marcão tinha 40 anos e freqüenta o bloco desde os 15. Este ano, Marcão tem 41 e pretende continuar freqüentando a porra do bloco até conseguir embebedar e comer sua prima de décimo - segundo grau, a Mariazinha, já que alguém da família cantou no ouvido dele que ela não é mais virgem.
Entenderam a conta? A porra do aumento anual de foliões é exponencial, ao contrário do aumento do número de banheiros químicos disponibilizados. Resultado: filas quilométricas nas portas dos banheiros + mijões sem-vergonha nas ruas mais desertas.
Cerveja quente
Sinceramente, quem aí consegue beber cerveja gelada em bloco de carnaval?
Os vendedores fazem “promoções” de “1 é 3, 2 é 5” o latão da Skol, que fica boiando naquela água morna, água que outrora foi gelo, num isopor trazido numa Kombi enferrujada, de Nilópolis até o centro da cidade, com direito a engarrafamento na Av. Brasil porque outra Kombi furou o pneu.
Desde QUANDO uma cerveja comprada a R$ 1,50 no Vianense e vendida a R$ 3,00 é promoção? É a lei do “é o que tem”, mas ta longe de ser promoção.
Porrada
Bloco de carnaval sem porrada não existe.
Se a concentração começa às 19h, pode contar no relógio que às 20h48min já ta saindo a primeira porrada.
Os motivos variam. Mexeram com a mulher do bêbado, ou o bêbado mexeu com a mulher da sapatão... Sei lá. Tudo é motivo pra porrada quando se misturam mulheres, namorados e bêbados. Alias, hoje em dia, tudo é motivo pra porrada.
O som é sempre uma merda
Mesmo que a letra do tema seja legalzinha, o som que sai das caixas é sempre uma merda.
Os blocos são cheios de patrocínio e tudo mais, por que os caras simplesmente não investem na qualidade DAS CAIXAS DE SOM?
O som distorce tanto que quem ta perto do trio não entende, e quem ta longe, não ouve.
Devem existir outros itens que definem um bloco de carnaval, sugiram aí vocês, todos os 3 leitores deste blog.
Nem todo mundo gosta de carnaval, muito menos de bloco de rua. A cada ano, eu gosto menos, tendendo a ficar mais em casa fazendo churrasco ou sei lá o que.
Hoje, vou no Bola Preta de novo. Tentarei sobreviver.
