segunda-feira, 29 de setembro de 2008

História antiga, post novo.

Galera, essa eu tenho que contar!

Nesta segunda-feira, fui obrigado a voltar pra terrinha (ou seria serrinha?) para pegar a tão esperada segunda via do meu certificado de reservista, já que minha amada, inteligente, graciosa e distraída noiva, num grande momento de lampejo de sabedoria, perdeu!

Pra começar, o “departamento de entrega de documentos do exército”, ou sei lá como se chama o treco, ficava nada mais, nada menos que DEBAIXO DAS ARQUIBANCADAS DO GINÁSIO DE ESPORTES da cidade. Bom... E daí né?

Havia um cachorro dormindo calmamente recostado ao balcão. Devia ser um cachorro militar.

Peço licença ao milico e, imponente, falo com a atendente:

“Oi! Eu queria pegar a minha segunda via do certificado”.

A mulher responde. Ainda existem alguns funcionários de repartições publicas que sabem falar...

“Hoje não dá”.

Confesso que demorei um pouco a assimilar, e fiquei alguns segundos olhando para ela, com o protocolo de retirada na mão, esperando uma satisfação que não veio, até eu perguntar “Por que?”.

A resposta ela tinha na ponta da língua...

“Porque hoje estamos de mudança, olha lá”.

E me aponta uma pilha de algumas toneladas de livros de registro.

“E o pior é que não sei onde o fulano (esqueci o nome do vesguinho) enfiou os livros... Já até mandei embora um menino que veio aqui antes de você por isso também”.

Mais alguns segundos de reflexão sobre a organização das repartições publicas da província teresopolitana.

“Poxa, mas eu moro no Rio de Janeiro... você não poderia ver isso pra mim não? Faltei o trabalho só pra vir aqui pegar isso...”.

Quando falei a palavra “trabalho”, pude observar certo nervosismo por parte da moça, mas ela quebrou meu galho e me pediu pra levantar alguns quilos de livros, pra ela ver se era algum daqueles que, obviamente, estavam embaixo de todos os outros. Não eram.

Então, a proposta da moça:

“Olha, eu não vou atrasar seu lado, mas você se compromete a vir aqui depois pra assinar o livro?”.

Novamente, reflexão... Será que ela acreditou mesmo que eu voltaria? E se voltasse, não teria nada lá, pois eles estavam de mudança! E pelo que ela falou, era pra um lugar bem longe, contra-mão mesmo...

Então, por sorte da sábia funcionária, o livro foi encontrado.

Mais difícil que o Santo Graal, o rascunho da Bíblia, o cardápio da Santa Ceia... O LIVRO foi encontrado. Não sei como, nem onde, mas ELE – O LIVRO foi encontrado.

O cão militar, em sinal de solidariedade, abana seu rabo militar e continua dormindo seu sono militar. Uma típica atitude militar...

Assino O LIVRO, pego minha segunda via e vou-me embora, ainda atordoado com o ocorrido. No caminho até o carro, confesso que me senti no ano de 1800, em que tudo era simples, as pessoas podiam realmente confiar em qualquer um e que cachorros dormiam calmamente nas salas de repartições publicas.

Assim é Teresópolis. Ou seria Therezopolis?

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